MÚSICA AMBIENTE – Beth Hart

O que é novo? O que é velho? São perguntas que perdem sentido diante do que é duradouro. Esta semana uma banda de músicos septuagenários lançou um álbum composto exclusivamente de canções de um estilo cujas raízes remontam o início do século XX. E o que aconteceu: “Lonsome & Blue”, dos Rolling Stones foi o álbum mais acessado nos sites de download e está em primeiro lugar em todas as paradas do mundo. É esse legado – cuja uma das pedras fundamentais foi a cantora e compositora Bessie Smith – que se ouve na voz e na música de Beth Hart. Mas há mais em “Fire on the floor”, o mais recente álbum dessa cantora com 20 anos de carreira. Há jazz para acompanhar estalando os dedos (“Jazz Man”), há um calypso rockeiro (“Love Gangster”) com letra na qual afirma sua disposição para relações turbulentas (“I want him bad as they come/Easy is easier for some/I’m in the mood for some fun/Until the damage is done), há blues no qual conta de um doce romance com gosto de Coca-Cola (“Coca-Cola”) e música alegre e contagiante como somente canções pop perfeitas conseguem ser (“Let’s get together”). E há uma canção que já nasce clássica (“Love is a lie”): um blues pegado, forte com uma letra na qual Beth canta com sua voz rascante, dura, forte, dolorida e sincera que o amor não é um amigo em nenhum momento até o fim. É possível algo mais blue? Você está apenas próxima do meio do álbum, mas é suficiente para perceber que se está diante de uma grande artista colocando toda sua alma nas canções (todas composições próprias) e o coração na voz. Dentro do legado musical do Blues sempre foi assim – “Nobody knows you when youre down and out’” foi composta e interpretada por Bessie Smith – e se depender de Beth Hart, assim será. Duradouro como tudo que habita nossos frágeis corações humanos.